Santa Maria registrou neste sábado um marco histórico preocupante. Faltando pouco mais de quatro meses para o fim do ano, a cidade chegou a 40 mortes violentas. O número é o mesmo registrado em todo 2013, considerado até então o pior dos últimos 10 anos. São cinco latrocínios (roubo com morte) e, como se não bastasse, os homicídios estão cada vez mais violentos, como o de Jenifer Silveira, a 40ª vítima deste ano.
Em média, a cada seis dias uma pessoa é assassinada na cidade. Geralmente, são jovens, entre 18 e 35 anos, que morrem vítimas de tiros, fora de casa, principalmente em ruas da zona oeste da cidade, onde houve 15 mortes violentas desde o início do ano. E o tráfico de drogas está por trás da maioria das motivações.
Sem uma política pública para a juventude, fica difícil mudar essa estatística. Os jovens, principalmente de áreas mais pobres, sem bom acesso à moradia, à saúde e à educação, acabam sendo vítimas de um sistema que não dá a eles outras oportunidades afirma a cientista social Suelen Aires Gonçalves.
Os assassinatos não são a única reclamação da população, que tem enfrentado a violência desenfreada de bandidos. Sequestros relâmpago, roubos em apartamentos e um número pedestres assaltados se multiplicam na cidade. Desde o começo do ano, quando começou a onda de violência, não foram poucas as promessas de caminhos que poderiam ser traçados para dar mais segurança à comunidade.
Uma delas era a vinda de um juiz para atuar especificamente na Vara de Execuções Criminais, responsável pelos processos relacionados aos presos do regime semiaberto. O juiz Fabio Marques Welter chegou a Santa Maria há quase dois meses e já disse que, sem políticas públicas que afastem, principalmente, os jovens das drogas, fica difícil combater a criminalidade.
A outra promessa que ficou pelo caminho era unir esforços entre Estado, prefeitura, Polícia Civil e Brigada Militar.
Santa Maria não é uma ilha. Há cidades de mesmo porte com índices ainda piores diz o prefeito Cezar Schirmer, referindo-se a Caxias do Sul, que já atingiu 55 mortes.
Para o tenente-coronel Sidenir Cardoso, que responde pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo, as reuniões e as ações isoladas implantadas por cada órgão estão dando certo.
Estamos focando em operações como a que realizamos na última sexta-feira. É um trabalho que atinge diretamente o tráfico e é bom lembrar que a maioria das mortes tem relação com o tráfico afirma Cardoso.
Segundo o delegado regional de Polícia Civil, Marcelo Arigony, a polícia tem feito o que pode.
Tivemos um pico de crimes no início do ano e isso elevou nossas estatísticas. Mas não cabe à polícia acabar com um problema que vai além de sua atuação. Temos cerca de cem ocorrências de diferentes tipos em andamento todos os dias na cidade. O Judiciário não dá conta de seu andamento porque o sistema está estrangulado. Com isso, vem a sensação é de impunidade. De nossa parte, estamos fazendo o possível.
Em meio a esse recorde lamentável, a população de Santa Maria não poderá contar com novas políticas públicas nem ações policiais para mudar essa realidade. Pelo menos, nenhuma autoridade cogita ações no curto prazo, como a cidade necessita.
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